sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Gmemo, sem garantias

Meu nome é Rose, e já faz alguns anos que sofro de um trauma, na qual era motivo de meus pesadelos todas as noites.
Há sete anos, eu e minha família voltávamos de um passeio. Meu pai, minha mãe e meu irmão entraram em casa enquanto eu voltava para buscar minha bolsa que havia esquecido no carro.
Ouvi gritos e entrei correndo, tropecei no tapete que não deveria estar ali, e topei com a casa toda revirada, fui até a cozinha, e vi minha mãe e meu irmão caídos ao lado esquerdo, e meu pai todo ensanguentado ao oposto apontando o dedo que parecia ser para min. Senti uma respiração ofegante em meu ombro. Ao me virar, o que me parecia ser o causador de toda aquela desgraça olhou fixamente em meus olhos, e me deu uma pancada na cabeça.
Ao acordar, encontrei meu pai, minha mãe e meu irmão mortos ao meu lado e a casa praticamente vazia.
Há sete anos que a polícia tentara - sem pista alguma - encontrar a pessoa que matou minha família brutalmente, e eu, eu tentava lembrar do seu rosto. Sempre que tentava lembrar tinha pesadelos horríveis com aquela noite, mas nunca via o rosto do assassino. Meu maior desejo o até então, era encontrar esse maldito que matou minha família e acabar com a vida dele como ele fez com a minha. Mas para isso, preciso lembrar de seu rosto. 
Até que, seis meses atrás, o Google lançou um produto, Gmemo. Um microchip implantado no cérebro para ativar a memoria esquecida. Um produto que custa milhões de dólares, a polícia norte americana, conseguiu para min sem custo algum, Mas tinha um porém, eu seria o primeiro ser humano a testa-lo. Não pensei duas vezes e aceitei.
Os criadores do Gmemo me disseram que, como se tratava de um trauma emocional, a imagem do rosto do assassino poderia vir em quanto eu dormia. E que imediatamente a imagem iria ser gravada no computador responsável por todas as lembranças que o Gmemo capturar.
E assim foi sucedido três semanas depois, durante um pesadelo consegui ver o rosto do assassino. E o meu sentimento de vingança estava mais forte do que nunca.
Depois de algumas buscas a polícia encontrou o assassino e o levou preso.
Alguns dias depois chegou o grande dia o dia em que eu ficaria frente a frente com ele o dia em que eu faria de tudo pra acabar com sua vida. O dia do julgamento.
A sentença foi dita e aprovada por min. Pena de morte em um mês.
Um mês depois, eu e meu advogado fomos o primeiros a chegar no lugar em que foi a execução. Era um lugar horrível perfeito para a ocasião. Havia um vidro que me frustrava, separava a cama da execução da plateia. Estava ansiosa e segurava uma foto que foi tirada no dia em que minha família foi assassinada.
Já estavam todos lá. Menos ele, o cupado. Alguns minutos ele chegou algemado, os policiais o colocou amarrado na cama. Os médicos preparavam a injeção letal que o matara, ele parecia estar bem nervoso. Mas tudo aquilo não era o suficiente para amenizar a dor que ele me causou, ele deveria sofrer muito mais. Sua morte deveria ser lenta e dolorosa.
Antes de aplicarem a injeção, os policiais deram para ele a oportunidade de falar algumas palavras antes de morrer. Ele pediu que erguesse a cama, ele olhou para min bem firme. Eu me levantei meu advogado tentou inutilmente me impedir, fui ate o vidro e coloquei a mão esquerda sobre ele. Encarando-me, disse: “Me perdoe por toda dor que te causei.” Respireibem fundo, o ódio veio á tona. Com a mão direita, coloquei sobre o vidro a foto da minha família para que ele morresse olhando para eles. E disse: “Nunca.”
Os olhos dele lagrimejaram como os meus, parecia arrependido, mas isso não me incomodava. Os médicos aplicaram o medicamento letal. Comecei a chorar e cuspi no vidro. Alguns segundos depois ele morre sem dor alguma, apenas com a frustração de nunca ser perdoado por min.
A experiência do Gmemo até então, foi um sucesso, todos já queriam experimenta-lo, mas os cientistas queriam ver como eu reagiria após o experimento. Fiquei conhecida no mundo inteiro. Todos queriam me ver, falar comigo, me cumprimentar. Dei entrevistas para vários noticiários de vários países. Conversei com pessoas que sofriam o mesmo problema que eu. Participei de palestras, virei um simbola da justiça e da esperança no mundo todo. 
Com o tempo os pesadelos foram acabando. Porém fazia qualquer coisa para tirar o Gmemo de min.
Eu não tinha mais paz. Tudo que fazia de certo modo me fazia lembrar nitidamente daquela cena que vivi e da morte do assassino. Era praticamente impossível ter se quer um momento de lazer, porque tudo me fazia ver aquela cena, como se fosse um filme dentro da minha cabeça, que eu queria tanto esquecer.
Era horrível, eu entrava em transe toda vez que lembrava, o que era inevitável. O rosto do assassino e a morte dos meus pais não saiam da minha cabeça. Fiquei conturbada. Entrei em depressão profunda, comecei a me sentir culpada. Tudo que eu queria era ser feliz. Mas era impossível eu estava perturbada. 
Os cientistas a principio não aprovavam minha ideia de tirar o Gmemo. Pois suspeitavam que poderia ter efeitos contrários. Não me importei. Queria me livrar dessa prisão de lembranças, a qualquer modo.
Hoje sem o Gmemo tenho paz. Porém não me lembro de muita coisa. Não me lembro do assassino, da morte da minha família, e nem se quer de minha família e dos nossos momentos juntos. Vejo fotos mas não reconheço ninguém. Escrevo esse depoimento hoje, com ajuda do meu advogado, de depoimentos, entrevistas que dei e uma biografia antes de tirar o Gmemo. 
Essas eram as consequências do Gmemo, cujo não recomento para ninguém. Mas mesmo assim o Gmemo está em mercado, e é usado em alguns milionários. 

                                                             Roberta L Andrade (27/05/10)

4 comentários:

  1. Muito bom. Ótima ideia, ótimo desenvolvimento. Imaginei um delicioso curta!

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  2. Adorei.Aguardo por novas historias.
    bjos Carol

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  3. Otimo** muito bom**

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  4. Redação do tio Guga, ehehehehe, massa!

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