sábado, 12 de fevereiro de 2011

Diário


 OBS : Este texto é ficção

Goiânia, 19 de maio de 2010
São cinco horas da manhã, acabo de chegar de uma festa na casa de Andressa. A pior festa da minha vida... ou será a melhor? Mas com certeza hoje foi o fim da minha vida... ou será o começo ? Eu ainda não sei bem, estou muito confuso e perturbado. Eu não queria que isso tivesse acontecido odeio estar assim.    
Aconteceu algo nessa festa de que tenho vergonha, talvez mais ainda preconceito de falar... È tão difícil. Logo eu! Logo eu, que sou um cara cobiçado por todas, todas do colégio me querem. Por que fiz aquilo? Meu Deus! O que eu sou? Eu sou gay? Não, não ,não quero isso! Mas... foi tão bom. Tenho muita vergonha de achar bom. O que meus amigos vão dizer? O que vão pensar de mim? E o time de futebol? Eles não vão me aceitar mais! E a minha namorada? Ah a Andressa é tão linda. Ah meu Deus! O meu pai! Ele vai me matar.
Estava meio chateado, tinha acabado de discutir com Andressa, ela reclamava pela falta de atenção, quando ele Paulo – o cara que mais odiei mais sacaniei pelo fato de ele ser gay assumido – veio até mim perguntar o que tinha acontecido. Naquele instante, não sei o que me deu, talvez fosse os copos de vodka, mas esqueci de toda raiva, eu só queria desabafar.
Eu disse para ele que eu não gostava mais da Andressa como mulher, que achava que nunca tinha gostado dela de verdade. E disse mais, disse também que nunca tinha gostado dela de verdade. Não sei por que fui dizer aquilo, e já deveria estar bêbado, mas eu me lembro de tudo.
Então ele me abraçou bem forte e... E me beijou na boca. E o pior de tudo, eu deixei.
Logo o empurrei, e o olhei. Durante aqueles segundos que o olhava, percebi que havia gostado da sensação. Tinha sido bem melhor que os beijos de Andressa. Algo de errado naquele momento acontecia comigo. Parecia que havia dois lados de min, um preconceituoso que dizia “O que você fez? Você está louco? Você é homem!”. E o outro carnal que dizia “Vai lá! Fica com ele de novo. Isso foi incrível!” . Eu não sei explicar, mas naquele momento escutei a voz da carne.
No caminho para casa – ainda muito assustado - , refleti : Será por isso que Andressa nunca me satisfazia? E eu pensava que o problema era com ela. O “problema” era comigo.
Estou confuso até agora, cheio de perguntas. Mas... Acho que gostei. Não! Eu gostei! Detesto dizer isso, mas é a verdade. O meu medo é o que todos vão dizer! E o que meu pai vai fazer comigo! Mas não sei o que fazer, devo seguir pela carne? Ou o preconceito? Pela razão ? Ou a emoção? Não sei dizer ainda.
                                                                
 Roberta L Andrade  19/05/2010